domingo, 14 de novembro de 2010

Meu tempo de morangos,SIM!


O texto que tenho que escrever - ou então eu desmorono - é filho de um silêncio, fomado por uma frase dura como fatos e pedras: "Eu não aguento mais ouvir isso..."

Sei que o que vou dizer agora decepcionará gente muito linda e importa em minha vida, mas é uma verdade da qual eu não posso fugir – mesmo se eu quisesse. A verdade é que eu – com a humildade e fome de um aprendiz - eu sou apaixonado por Clarice Lispector!
Amo-a com todos os meus nervos, sentimentos, notas musicais, cóleras, gargalhadas e vazios do meu ser,demasiado SER.Amo-a com muita FÉ,eis que pude tocá-la e senti-la florescer em minhas mãos – que são a principio tão erradas e desastradas e despreparadas para a vida – minhas mãos trêmulas puderam sentir toda a leva de sentimentos ,existentes nos fatais altos e baixos, dessa maga das palavras!
Clarice me oferece tudo; logo a mim que preciso e reclamo por tanto, tanto, tanto, tanto. A alma dela, a vivência dela, sua escrita – que governa o meu respirar -, sua voz, me, salvam do leve morticínio que existe de mim para mim mesmo. Obrigado, Clarice!Ser salvo por você e estar por vezes deitado no seu colo tem evitado minha ruína, de mundo, do meu Deus e minhas amadas pessoas – inclusive as que não me suportam mais nos clariceamentos.
Se sou chato, repetitivo e quotidiano com relação a isso. Paciência!
E talvez – um talvez que disfarça a certeza – e talvez eu o seja mesmo. Paciência, minhas pessoas, sou muito Rômulo, sou demasiado EU para poder resistir a ela. O meu erro consiste em talvez tentar – desastradamente, atarantadamente, juvenilmente – mostrá-los o que em mim se afigura como o delicado-essencial-mais-forte-que-o-pão-nosso-de-cada-dia-AMÉM!
Juro que tentei mudar de assunto, meus amores. Mas vejo que me é impossível; Hoje questionado sobre o nublado e frio dia – então eu – eu respondi sem pensar: ”Clárice,né!” e depois quando o sol – lindo de esperanças – saiu ,então fui tão chato,repetitivo e quotidiano com relação a isso quanto me acusam,e de minha boca humana saiu novamente:”Clarice,né!”
Mas não sofro com meus acusadores – afinal eu os amo demais – e sei que sou capaz de discursar sobre qualquer outro assunto e com mais destreza, do que supõe os que não tem paciência e fé em mim;inclusive me ocorre agora que devo falar e escrever sobre e uma frase linda,linda,linda:”...Quanto ao futuro.”
E não esquecer que por enquanto é tempo de Clarice, SIM!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Entre amigos


Amo o livro que você, tão sinicamente, lê e me sorri levemente...

Amo a tua constante dor de cotovelos, o teu silêncio e invejo o conhaque que desce quente, te fazendo suar de escrúpulos e desejos. Excitada, você me olha e é como se implorasse: ”Quero que você me possua!” – mas honesta você desvia o olhar e suspira profundamente ( revolta e tédio ).A gente nem se toca e sente e se dói.Os corpos flamejam;Um punhado de controlada impaciência nos reduz ao essencial de “coisa úmida suportando!”.
Suados, feridos, rancorosos. Nós apenas suportamos a distância impossível que nos cerceia um do outro e que, lada a lado, com a respiração curta, aceitamos – obedientes – a que custo, meu Deus!Amá-la posso, pois sou homem e estou quente sobre a terra, mas daí a possuí-la vai um longo e penoso caminho – e sem vida. Estamos, pois, presos a nossa impossibilidade e ao desejo que nos tenta – o pecado, meu bem, é abrasador!
Silencioso, esguio e homem eu adivinhara seu doce martírio de mulher. E por adivinhar então – então eu te tento e sua carne pulsa. Reparo suas pernas suadas; estão suadas por mim, mulher. Você é uma mulher de pernas suadas por mim. E eu – eu adoro- - - - -
Estou quente, estou quente. Oh, eu quero te comer e como sim. Te como da forma mais cruel, eu te como com os olhos. Mas não é disso que você precisa, não!”Já que não me come, beba-me pelo menos!”, é o que me dizem teus olhos – você tem olhar de mangá; olhos de pidona – e em resposta, eu, santo dissimulado, te ordeno “afasta de mim este cálice, que só contém suor!”. Mentira, pois minha garganta está sedenta de suor.
Você se consome toda, mas a razão deve ser ouvida e então você é escrupulosa – à beira de um ataque de desejos, mas escrupulosa – e úmida.
É assim a nossa marcha invariável, onde um não alcança o outro e mais que isso, não queremos nos alcançar. Você comprometida com o marido que ama e eu comprometido com o amigo que amo. Ele é o que nos uni e impede ao mesmo átimo de segundo; e faz isso com paciência – aquela paciência dos que não sentem dor - com paciência e candidez.
Ele existe – EXISTE –e nos ama – AMA -. Impossível não amá-lo também. Eis nossa doce condenação!
Eu,pulsando,desejando-a e amando-o. Você, suada, desejando-me e amando-o. Ele sendo deveras bom e inocente – cruelmente bom e inocente.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Glicose


Ele anda pelo mundo ouvindo a voz da Calcanhoto e se deixa ser e se guiar como barquinho de papel. Olha para todos os lados – às vezes até para o seu avesso. Ele, o que sente o que se lembra o que dói. Lembrou-se hoje com terror de quando foi beijado por um igual.”Amá-lo-ei!” disse-lhe o tal.Amou-o o tal?Não se sabe; mas se o beijo não tinha afeto, tinha certeza de que tinha sabor de açúcar!
Aterrorizado pela lembrança do beijo doce, pôs-se, de boca infantilizada e olhos mais estúpidos ainda,estático sob o sol de uma sexta-feira – desejada e interminável – em meio a toda sorte de gente que o atropelava.Sentiu-se então com a ereção de sua juventude à lembrança do beijo e como se visse à sua frente um fato espetacular então começou a achar muita graça;pois nenhuma daquelas pessoas que o atropelavam,o reparavam e o esqueciam,nenhuma daquelas pessoas imaginaria que aquele velho homem,já curvo e calvo pelo tempo e de visão tateante,estaria naquele exato momento com a lembrança VIVA do beijo que recebera de outro homem- único beijo – que não se lembrava se tinha afeto,mas possuía sabor de açúcar.E gargalhou e tentava esconder com as mãos.Ele provara da boca de outro homem e tinha como punição,na sua velhice diabética,o doce na boca.
Como num eclipse ao fim da voz da Calcanhoto, tudo acabou!”E a Calcanhoto, cadê?! Minha alegria, eu cansaço... Meu açúcar, cadê você!?”
Punido, excitado, cambaleante e com a expressão de puríssimo desespero, o velho homem – curvo e calvo e diabético – com seus perigosos passos imprecisos vagou até ser amparado por um robusto jovem, que com muito AFETO no rosto parou-o e perguntou com aflição – AFLIÇÃO – se ele precisava de algum socorro. Então mirando a boca bem formada do robusto rapaz – E ainda com a lembrança não mais do sabor, mas apenas do fato que antes ele julgara “medonho e à esquecer!” – então mirando a boca do jovem rapaz ele disse com desespero:
-Eu preciiiiiso de AÇÚCAR!

sábado, 12 de junho de 2010

Não precisa sobrenome


Meu nome não é Gal, mas todos os dias eu também sonho alguém pra mim. E também não importa de onde venha que tenha outro tipo de crença; pode ser de qualquer cor e altura, mas o importante é que venha a mim e que venha com amor IMENSURAVEL e que caibamos um no outro.Encaixe perfeito e grave...
Se existir amor RECÍPROCO essa pessoal é a tal!
Eu não sou, mas eu amo igual a Gal.

domingo, 6 de junho de 2010

Apenas uma certa revolta


Saiam de mim!
Saiam todos aqueles que me julgam pouco!
Saiam!
Saiam aqueles que me querem calado
Estúpido, estático.
Os que me querem vitrine paraguaia
Saiam de mim.
Os que vêm sem nada trazer
Os que pedem mais do que tenho
Os que não compreendem minhas cóleras e ataques de riso.
Saiam daqui, estúpidos!
Saiam logo.
Saiam também os maldizentes!
Oh, dementes de língua ferina, saiam já!
Basta com seus achincalhes e pilherias à toa
Basta de sarcasmo vil.
Alias, basta de vileza, soberba e tudo mais que sois vós
Basta!
Saiam, ordeno!
Vós que sois porcos, saiam
Vós que cheirais a sexo vulgar e amor interesseiro. Saiam
Imundos, descrentes. Inumanos
Fora de mim!
Os que não lêem poesias
Os não tem sentimentos!
Saiam de mim!
Deixem-me cá com meus botões
Deixem-me cá vivendo em puro êxtase
Sonhos de Alice e Ícaro!
Os que crêem não nos sonhos, saiam já!
Fora, eu grito e repito mais alto. FORA!
Vós que agora riem de mim, que taxam-me louco
Louco... Oh, pobre louco e solitário
Não Se demorem mais um segundo e saiam jamantas débeis.
Todos aqueles que não entendem o valor, a força que é a entrega total
Por alguma coisa, por algum ser. Um amor, um desafeto. Cho!
Os que desdenham do ato de pensar; os que não se misturam. Cho!
Os que não tocam os demais. Os que não querem tal toque. Ah, ratos malditos!
Sim, ratos malditos. Não quero sentir seu cheiro podre de seres doentes e covardes.
Em gente ordinária eu cuspo em cima!
Afastem-se de mim, ordeno!
Inúteis seres que cruzam o meu caminho
Inúteis que fingem não me ver
Que abaixam os olhos ao cruzar comigo
Ah, tolos cheios de si. Dou gargalhadas, palhaços tristes!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Inacabado







-To sem dinheiro pra pinga,moço
To tão cansado,moço
tão cansado e tão triste,moço
Moço,eu to sozinho na vida
to sem prumo,sabe?
óia meu estado,to ardido por dentro...
To cuma saudade tão duida dos meus irmão
Da minha terra...
Da minha gente que sonha tão simples.
A vida é marvada;num digo que seja mardita
Mardita num é de nosso sinhó Jesus
Eu sou crismado e tudo,moço.
Mas a vida é marvada por demais...
Ou é ela é uma resposta prus meus atu?
É,eu errei demais nessa sina.
Saudade dos meus tempos de mocidade
Eu sai pra lida antes do galo acordar.
Minha mãe orava uma oração baixinha ,me fazia o sinal da cruz
e eu partia pra suar a roupa e a alma.
Na lida eu sempre fui tão forte.Tão durão
Foi no meio da mato,com muito calo que conheci minha Rosa Linda...
Minha Rosa Linda,moço...Meu tesouro de formozura.
Olhei pra ela e ela pra eu...Nos apaixonemu ali mesmo
Daque instante eu já era cabra macho!
Arribei meus sonho e firmei com a sagrada trindade.
Botei aner do dedo dela e promessa no coração...
E uma semente nossa no ventre da pobre e outras fro já crescendo.
Mas os meus sonho num parravam de arribar,moço
Eu num me cabia mais aqui.Tinha que partir,porque eu pirtincinha ao mundão.
Parti,deixei Rosa de aner,promessa e semente!
Lá se vão uns...Uma vida inteira,moço.
To vortando hoje,to vortando derrotado e vexado.
Num fiz paper de macho não,moço.
Comheci tanta muié boa nesse mundão de Deus.Tantas com tanto chamego e dengo
Mas nenhuma tinha a pele e o amor da minha Rosa Linda.
Meus pai morreru.Minha mãe tão santa,tão zelosa do meu corpo da minha alma
Meu pai,tão duro,tão apaixonado...E meus irmão,então?
Minha Rosa Linda morreu,moço.Me assopraram a pouco que de fome,coitada.
E minhas sementes se perderam na estrada tal qual fiz...

***

-Tua mãe morreu te abençoando.Teu pai morreu sem pronunciar teu nome.Teus irmãos te seguiram e se perderam no tempo. Tua Rosa Linda não morreu de fome,mas sim de paixão.Morreu com brilho nos olhos de paixão e olhando teu retrato na parede. E nem todas as suas semente te seguiram nas estradas...Uma aqui ficou pra esperar você voltar...

sábado, 8 de maio de 2010

Nunca ousaram tanto


Caminhava triunfante e solitário sem ao menos perceber a existem dos demais que ali estavam. Caminhava.
Dois escritores, acompanhados por dois nulos, cruzaram seu caminho e pela primeira vez sua atenção foi desfiada. Passaram os quatro tão superiores, tão senhores de si e no mesmo momento ele murchou por completo; sentiu-se pequeno, tão pequeno... Eles gigantes, passaram sem ao menos percebê-lo. E quem percebia?E quem percebia os cinco?
Ele que até então carregava sua solidão como um estandarte agora apressava seu passo e sentia que tinha que sair do mundo e recolher-se a si. Recolheu-se. Em seu quarto percebera em fim que seu contato com mundo exterior estava a cada dia mais dúbio. Por que afinal aquelas quatro pessoas o incomodaram tanto?De onde veio aquele terror?Seria inveja?Seria amor por eles todos?
Abriu sua janela e orou a “Nossa Senhora do Silêncio” que banhava seu pequeno quarto com sua luz fria. Cena muda, oração sem palavras. Muito digno!
Pensou em suas poesias, pensou em seu lirismo soberbo. Pensava. Pensava muito sobre tudo e sobre todos. Julgava. Julgava muito e todos. Mirou em todos as direções e acabou acertando a si.Afinal,quem ele era? O que ele era? Um poeta? Um escritor? Um homem nulo? Um louco?
O que mostrava ser era sua verdadeira essência?Não. Conclui que a solidão não era verdadeira, era vulgar, era clichê. Ele não era aquilo que mostrava ser para ele mesmo, mas também não era o que os outros pensavam que ele fosse. Não era também aquilo que na verdade queria ser e não era o que os outros queriam que ele fosse. O que ele era, o que ele mostrava ser para ele mesmo, o que os outros pensavam que ele fosse, o que ele queria ser, o que os outros queriam que ele fosse mostravam-se absolutamente distintos. (Santa prolixidade)
Olhou para “Nossa senhora do silêncio” e franziu a testa. ”Quando me perdi?”. Pronunciou essas palavras com engasgo.
Silêncio.
Procurou por todo seu corpo essa resposta. Examinou suas mãos. Sim, ele examinou suas mãos para saber em que momento da vida ele se perdeu. Examinou depois seu quarto... G. H. olhava para ele. Teve medo!Temeu ter que provar do não civilizado para também encontrar seu verdadeiro ser. Teve medo da lentidão de sua alma, de seu peso.
Fitou mais de perto G. H. ela estava impassível, inaudível. Abriu sua capa e ela gritou!Ele suspirou e prendeu sua respiração como se guardasse no peito toda sorte de sentimentos que há no mundo. Em transe puríssimo, ele sentia todo o caos de G. H. sentiu o gosto não da pasta branca de uma barata, mas das lagrimas sangradas dessa mulher. Ele também já não era mais civilizado, ele agora era transcendental.
Percebeu que o sentimento nutrido pelos escritores que vira na rua era de desejo, um desejo louco de possuí-los, de estar entre eles. Mas era apenas desejo sem pretensão de realização. O desejo o mantinha de pé, a raiva, o desdém o mantinha de pé...
À vontade.
Mas estar em verdade com eles, em contato profundo e real não teria graça, não teria sentido. Ele amava desejá-los sem poder tê-los. Isso o levava ao caos profundo e isso o mantinha de pé,vivo!Assim como os seus questionamentos sobre “Eu & mim”. Miscelânea.
Não compreender-se, não ser compreendido e gostar disso; e não obstante procurar entender-se e ser entendido...
Num relance olhou para o chão e focou uma barata de casca grossa. Rompeu a porta de seu quarto como muita rapidez, uma rapidez de faminto. Socou a porta do quarto de sua empregada. Idosa ela demora em abrir...
Ao abrir a porta, a velha se depara com um homem suado, quase aos prantos; ele sem hesitar beija delicadamente seus lábios secos.
Ela apenas diz com sua voz lenta e trêmula:
-Nunca ousaram tanto...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tu és?


E se o amor acabar ascendo meu cigarro e dou três pulinhos de viva liberdade
Foi tudo tão vasto que se perdeu o tato...
É melhor cantar uma balada brega, sim
É melhor cantar um rock'n'rol furioso, sim
E depois ouvir o canto dos periquitos, talvez
Mas é imprescindível que se de os pulinhos de viva liberdade.
É,a vida é mais fantástica que qualquer novela
Que ventura errante... E erramos, sim.
E me perguntam: Tu és?
Se sou? Sim, sou e sou muito
E o que tu és afinal?
É tão vasto...
E dou três pulinhos de viva liberdade
E é tão vasto que se perde o tato e se usa apenas prolixidade
Amena e banal.
Estou todo nas entrelinhas
Prolixa e pausadamente nas entrelinhas.
Abro o jogo e revelo absolutamente tudo...
E não entendem nada!

domingo, 18 de abril de 2010

A última rosa linda


No lugar de uma oração
Eu fiz uma poesia...
Na verdade poesias são orações;
Orações disfarçadas.
Ambas deixam-nos graves
Ambas levam-nos ao êxtase... Ao caos.
Hoje que completa-se anos de sua partida
Ainda lembro-me da rosa linda sobre teu peito
Rosa linda que eu beijei na despedida.
Da sua última imagem de nada me recordo
Porque te quero sempre sorrindo e corada
E feliz e dizendo que me ama e VIVA!
Ah, quantas vezes eu disse que te amava tanto
E tu me retribuías com beijinhos e abraços
Mimos dantescos.
Serei sempre teu “pingo de gente”
No teu colo aquecido e simples...
Ah, eu fui feliz no teu colo
E na há, nunca houve e nem haverá
Algo tão digno e justo.
E hoje cá contido e pensativo
Recordando suas frases feitas benditas
E a rosa linda sobre teu peito
Eu choro e suspiro e sussurro:
“... Ah, fosse eu rei do mundo...”

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sob o acaso


Sim, está fazendo um frio danado
E eu estou com uma felicidade de criança-boba-sagazmente
Não é que eu tenho reparado nas gentes que passam na rua como se fosse a primeira vez?
E pela primeira vez eu me sinto tão livre nessa selva de pedra
Não, não estou grave! Por Deus que não estou grave, JURO!
Estou me sentindo simples
Estou me sentindo tão homem
Estou me sentindo tão bem
E tudo isso por um sopro gelado de um vento perdido no fim do dia.

domingo, 7 de março de 2010

Leia-me com urgência,por favor!


Te amo de todos os modos possíveis;te amo com muita urgência,com muito ódio e rancor.
Te amo brutalmente.Te amar me fere a alma e me escarneci a mente
Te amo agora e te amava antes e vou continuar a te amar.
Te amo feito monstro e feito anjo ,e quando me pergunto de qual maneira amo-te melhor caio em desespero e o desespero me leva à angustia,porque a resposta é opaca e pouco palpável.
Me aconteceu agora um negócio qualquer,troço sei lá que fez correr até aqui e escrever.Preciso te escrever,meu amor;preciso porque essa é maneira mais honesta de estar em contato com você,porque você me tem estado tão longe mesmo quando te sinto respirar sobre mim.
Alias você é Um estranho dentro de mim,não respeitando minhas fronteiras,destruindo minhas cercas e tomando posse de todo o meu território.Como um destemido e por vezes cruel desbravador,amor.
Amor,te amo com pavor e com dor e com álcool e com poesia e com gritos e com medos e com cigarros e com fossa.
Estou ouvindo uma música tão triste e relendo uma poesia linda que você fez pra mim.Sim,ainda sobrou a poesia...As flores,o vinho e aquela noite findaram,mas o papel e poesia ainda resistem e o fazem feito nós dois:no limite.Eu sou o papel e você é a poesia.
Perceba: o papel tem sua existe simples até que escrevem sobre ele a poesia e dai o papel existe feliz e complexo.Mas apagam a poesia dele e fica apenas as sombras das palavras e ele pode ser rasgado enfim,mas a mesma poesia existe em outros papéis e muito mais do que isso,a poesia não precisa de papel algum para existir.A poesia é livre...Que constatação horrível,meu Deus!
Termino está escrita por aqui,é melhor para me sentir ainda em pleno desespero.Existe tanta verdade encubada dentro e transbordando pelas pontas dos meus dedos,mas são todas tão cruas...
Comecei escrevendo com entusiasmo, juro!Mas termino me se sentindo deprimente
Sim, é melhor eu terminar o texto aqui...

segunda-feira, 1 de março de 2010

Clóvis vaidoso


Essa é mais uma história... Mais uma história que merece ser contada. Merece é preciso ser contada. Não, essa não é a história de uma estrela do rock, de um político saracoteador, de líder religioso ou de mártir ideológico. Apenas um rosto na multidão. E quem se importa? E QUEM SE IMPORTA? Isso não importa... A história não trata de atitudes e sonhos ultra-fabulosos, mas não são menos importantes, afinal são os meus sonhos e as minhas atitudes. Meu nome é... Meu nome é... Clóvis

Queriam-me de mão única
Casado e com filhos.
Queriam-me previsível e tributável
Com cabresto e feliz.
Queriam-me conformado;
Queriam muito de mim...
Às faces graves e respeitáveis eu assentia
Era preciso falsear...
Não existe brejeirice sem o ser sonso
É beijar as mãos do padre e depois a boca da noviça.
Vejam meus amigos, eu existia simples
Eu era sem enfeites;
Mas o que existia ali era o monstro
A obra-prima se fez sozinha depois
Burlei as regras, aos desejos alheios
Sonharam por mim e acordaram num pesadelo dantesco...
Alias dantesca era minh’alma. REVOLUÇÃO
Beijei tantas bocas e tantos tipos de gente
E de tantos modos
Circulei por tantos gêneros...
Pintei-me de tantas formas. CAMALEÃO
Tantos amores eu prometi... Só deus sabe como eu menti
Sim, fui falso muitas vezes...
Tive tantas noivas, circulei com tantos rapazes.
Quantas voltas eu prometi; não cumpri nenhuma.
Pertenci a muitos lugares;
Tive tantos pileques, mas com tanta elegância como faz um rapaz de paris...
Contra tristeza perenal bailem um pouco; bailei tanto...
Umas emoções atoa foram ruindo toda essa estrutura
Ai a gente volta pro nosso canto,pra nossa existência simples
Só que nada resta, nem os rostos graves que tanto esperavam de mim
Nem mesmo os lugares. Nada me fazia reconhecer aqui
Sento choro e escrevo umas poesias orgulhosas.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Musa inglória ( primeira versão )


Então ela sente que sua vida é como um conto que não passou da segunda linha, um sonho fabuloso repetidas vezes interrompido, uma religião falida. Metodicamente cumprindo seus deveres de mulher e mãe... Catastroficamente esposa e amiga. A rainha do lar eternamente escrava do seu oficio de ser santa e amante; vivendo sempre no limite, permanecendo ali por livre e espontânea vontade alheia.
Sentada a beira da cama, contemplado o seu homem e marido morrer, ela recorda dos seus sonhos de cinderela, de professora formada, de estrela do jazz. Lembrou-se também da tirania do pai, do matrimonio forçado, o marido extremamente bondoso e desinteressante, dos filhos exigentes e indesejados. Pensou com amargura em si mesma; na sua maldita alma pequena e fraca, fraquíssima!Apertou as unhas contra as mãos com um terrível ódio por nunca ter feito nada de substancial para se livrar daquelas amarras.
O marido murmura frases ilógicas, os filhos choram e ela mantém os olhos baixos (como fez a vida toda,metodicamente).Quantas e quantas vezes ,quando estavam todos reunidos em momentos felizes elas desejou que o marido e os filhos tivessem uma coisa qualquer,um mal súbito.Olhando os olhos fundos do marido ela planeja os prantos de viúva,os olhares languidos de mulher inconsolável.O gemido final aconteceu e ela jogou-se sobre o corpo dele,mas não era tristeza e sim agradecimento por enfim chegar o ápice da grande peça,o momento triunfal da atriz.
A musa inglória de tantos atos penosos, a infeliz e diabólica sob o vestido de outra. Nunca mais imutável, nunca mais infeliz; finalmente tem o poder da solidão em suas mãos,mas o que fazer com esse poder?O que afinal ela iria fazer com essa tal liberdade?
Assustou-se quando se encontrou só na casa,sem os filhos que nunca quis e sem o marido que nunca amou;não tinha mais contra quem praguejar!Desejou durante anos e agora ela percebe que o que a mantinha viva era a ‘possibilidade’ e não o ‘fato’.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Latejante



Tarde sonolenta e quentíssima. Ingredientes perfeitos para um ostracismo dos sentimentos e tudo indicava que minha tarde seria de fato assim mesmo, mas sabem eu acredito em anjos; acredito que nesse nosso universo,nessa canoa repleta de remendos,exista sempre uma força maior,que uns chamam de Deus e eu apenas chamo de hoje de cosmos,que conspira contra ou a nosso favor( uma questão ângulo de visão).Dias,semanas até que eu tenho sentido muito pouco a pessoas e a mim mesmo e isso me deixa,como disse certa vez Clarice Lispector,morto,muitíssimo alias.As pessoas,todas,me pareciam absolutamente desinteressantes ,com uma espécie de feiúra que não agride,mas acua.
Calor insuportável, que faz com que nós tenhamos sono e ao mesmo tempo não conseguimos dormir; levantei-me e sentei na cama e foi nesse exato momento que ouço cada vez mais forte uma melodia conhecida aos meus ouvidos, mas não conseguia saber qual era!Me debrucei na janela e passa na minha frente um senhor aparentando seus 70 anos.Coitado,seu inglês era pavoroso,mas a melodia me deixava intrigado e era lindíssima!Ele a cantava de forma forte e orgulhosa. Sou tímido demais, mas eu senti aquele senhor tão brutalmente, como a há muito tempo não sentia a ninguém,que pulei da cama,abria as portas do quarto e da sala e fui correndo até ele
-Meu senhor, meu senhor!
-... Oi...?
-Perdão, mas essa música que senhor está cantando...
-Frank Sinatra, meu filho!
-My way!
E como num relâmpago minha mente se iluminou e juro por tudo que eu vi o nome da música num letreiro iluminado e foi como se chão onde eu estava ficasse todo estrelado, mas por uma luz mais forte que a do sol. Iniciou-se em mim um fabuloso eclipse. Não me despedi do pobre velho e voltei correndo para o meu quarto, liguei o meu amado computador e fui correndo ao You tube:Frank Sinatra my way tradução e pronto, encontrei um vídeo com um dueto incrível.Frank Sinatra e Luciano Pavarotti cantando “My way”...Dei meu primeiro grito!Coloquei o vídeo para carregar e já esperava a lentidão de sempre, mas sabem, meus caros, eu tenho mesmo que acreditar em anjos, pois aquele vídeo carregou de forma tão rápida... E começou com a voz de Sinatra e foi até a metade e depois Pavarotti e no fim suas vozes juntas. No meio disso tudo eu tiver um turbilhão de emoções tão fortes, meus senhores, mas tão fortes que esbravejei com os braços em riste e me senti inchadíssimo como um balão e chorei oceanos!Toda a melodia, a voz charmosa de Sinatra (que faz qualquer um morde os lábios e bambear as pernas) e a voz brutal e emocionada de Pavarotti (que faz qualquer um ajoelhar-se a agradecer por ter nascido no mesmo planeta que esse homem) e a aquela poesia musicada me fizeram voltar a viver deveras!
A letra por completo é de uma crueza visceral e cristalina e tão arrebatadora que deveria ser tocada sempre (eu disse SEMPRE com obrigação mesmo) em todo os aniversários e funerais.A letra fala do fim de uma etapa vendida( ou não),de um peleja travada com honra e brutalidade e ao mesmo (e por que não?) com mansidão.Ela toda nos nivela a simples condição de seres viventes e que carregam dentro de si toda sorte de paixão,não importando se boas ou más.Não importa se você até ali teve uma vida alucinada,falando e fazendo o queria ou se teve que dissimular e ser medíocre,não importa!Seja lá o que você fez, tenha certeza de foi do SEU JEITO.
De todos os versos o que me deixou mais fervoroso foi esse:
“Quando eu mordi mais que eu podia mastigar
Entretanto, quando havia dúvidas
Eu engolia e cuspia fora”
GENIAL e dogmático!
Pessoas!Estou vivo e com uma fome danada de gente. Cada pessoa me está apetitosa e vou morde-los.Preparem-se,pois não serei delicado;estou sentindo ódio de novo e amor por algumas pessoas.Como é fabuloso sentir seu corpo todo latejar e o meu está latejando por cada um de vocês!
Todos nós somos uma ferida viva e cheia de infecções, mas com o tempo se não nos coçarmos a ferida vai criando aquela casquinha e para de doer!Nós temos que nos doer. A cicatrização é morte dessa ferida... Não permita que isso ocorra!Ande meta logo esse dedo na sua ferida e coce bastante, coce muito, muito mesmo e permita que outros dedos intrusos te adentrem!
Não existe nenhuma mensagem aqui de “Ô, seja feliz e viva a vida intensamente!”. Não, nada disso.Se você tiver que ser ou se Passar por alguma coisa,eu o peço que faça DRAMATICAMENTE.É isso que eu entendi ou quis entender da letra da música!É TER TESÃO PELOS GOZOS E DORES DA VIDA!Simples assim!
Estou latejando completamente e tomara que dure muito, muito mesmo!

Obs: Estou escrevendo esse texto com uma amargura brutal no peito!Não sei ao certo o motivo, mas se isso me faz latejar então me dou por satisfeito.



[Meu Jeito]
E agora o fim está próximo Assim eu enfrento a cortina final Minha amiga, eu direi isto claramente Eu declararei meu caso do qual eu estou certo Eu vivi uma vida que está cheia Eu viajei cada e toda estrada E mais, muito mais que isto Eu fiz do meu jeito Pesares, eu tive alguns Mas novamente, muito pouco pra mencionar Eu fiz o que eu tive que fazer E vi isto através de nenhuma exceção Eu planejei cada gráfico do percurso Cada passo cuidadoso ao longo do caminho Oh, e mais, muito mais que isto Eu fiz do meu jeito Sim, havia tempos, tenho certeza que você sabe Quando eu mordi mais que eu poderia mastigar Mas alem disso quando havia dúvida Eu engolia e cuspia fora Eu enfrentei tudo e eu me mantive alto E fiz do meu jeito Eu amei, eu ri e chorei Eu tive minhas faltas, minha parte de perder, E agora que as lágrimas cessaram Eu acho isso tudo tão divertido Pensar eu fiz tudo aquilo E se posso dizer, não de um modo tímido Oh, não, não eu Eu fiz do meu jeito Para o que é um homem, o que ele tem Se não ele proprio, então ele não tem Dizer as palavras que ele verdadeiramente sente E não as palavras que ele revelaria Os registros mostram que eu recuperei o folêgo E fiz do meu jeito Os registros mostram que eu recuperei o folêgo

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Clarice por Caio


Hildinha, a carta para você já estava escrita, mas aconteceu agora de noite um negócio tão genial que vou escrever mais um pouco. Depois que escrevi para você fui ler o jornal de hoje: havia uma notícia dizendo que Clarice Lispector estaria autografando seus livros numa televisão, à noite. Jantei e saí ventando. Cheguei lá timidíssimo, lógico. Vi uma mulher linda e estranhíssima num canto, toda de preto, com um clima de tristeza e santidade ao mesmo tempo, absolutamente incrível. Era ela. Me aproximei, dei os livros para ela autografar e entreguei o meu Inventário. Ia saindo quando um dos escritores vagamente bichona que paparicava em torno dela inventou de me conhecer e apresentar. Ela sorriu novamente e eu fiquei por ali olhando. De repente fiquei supernervoso e sai para o corredor. Ia indo embora quando (veja que GLÓRIA) ela saiu na porta e me chamou: - “Fica comigo.” Fiquei. Conversamos um pouco. De repente ela me olhou e disse que me achava muito bonito, parecido com Cristo. Tive 33 orgasmos consecutivos. Depois falamos sobre Nélida (que está nos States) e você. Falei que havia recebido teu livro hoje, e ela disse que tinha muita vontade de ler, porque a Nélida havia falado entusiasticamente sobre Lázaro. Aí, como eu tinha aquele outro exemplar que você me mandou na bolsa, resolvi dar a ela. Disse que vai ler com carinho. Por fim me deu o endereço e telefone dela no Rio, pedindo que eu a procurasse agora quando for. Saí de lá meio bobo com tudo, ainda estou numa espécie de transe, acho que nem vou conseguir dormir. Ela é demais estranha. Sua mão direita está toda queimada, ficaram apenas dois pedaços do médio e do indicador, os outros não têm unhas. Uma coisa dolorosa. Tem manchas de queimadura por todo o corpo, menos no rosto, onde fez plástica. Perdeu todo o cabelo no incêndio: usa uma peruca de um loiro escuro. Ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura impressionantes. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor. Talvez eu esteja fantasiando, sei lá. Mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto. Acho que mesmo que ela não fosse Clarice Lispector eu sentiria a mesma coisa. Por incrível que pareça, voltei de lá com febre e taquicardia. Vê que estranho. Sinto que as coisas vão mudar radicalmente para mim – teu livro e Clarice Lispector num mesmo dia são, fora de dúvida, um presságio. Fico por aqui, já é muito tarde. Um grande beijo do teu

Caio Fernando Abreu .

(Do livro de cartas de Caio F.A.)

*Carta destinada a escritora Hilda Hilst

domingo, 10 de janeiro de 2010

À noite...


Uma cidade grande
Uma noite colorida e chuvosa
Dois homens se apertam em uma esquina;
Não é briga, é paixão.
Buzinas a meia noite
Faz frio e as pessoas se aquecem umas com as outras.
Duas meninas se apertam em um canto escondido de um bar;
Não é briga,é paixão.
O asfalto brilha como as luzes da broadway
Gente alta,gente feia,gente bêbeda,gente pintada...
Dois cães rolam por uma calçada;
Não é briga,é paixão.
O homem caminha apressado
A moça caminha como nas nuvens
O vento corta,a chuva arrebata tudo
A treva é rainha
Eles se encontram,se encaram...
Assustados um com o outro,pensando tudo um do outro
Os olhos dela invadem os olhos dele e invadem todo o seu ser
Ele a despe lentamente...
Momento eterno
Não se tocam não se roçam.
A chuva aumenta, o vento aumenta, o frio aumenta
O corpo de um precisa urgentemente do corpo do outro
É instinto, entendem?
E eles se agarram, meu Deus, como se agarram!
Era um amor encabulado disfarçado de medo da chuva.
Na outra esquina os dois homens continuam a se amar, loucamente
No bar as duas moças, encobertas pela fumaça dos cigarros, se amam disfarçadamente
Na calçada os cães se amam
E a Noite segue sua sina de poetizar tudo isso.
Do outro lado da cidade
Onde não existem tantas luzes e a noite é excruciante
Um menino também ama...
Ele ama Betty Davis e suspira por ela.
No apartamento abaixo uma moça com ar tristonho
Assiste "juventude trasnviada".Em cena, james dean ;ela geme sob o edredom
Como se estivesse fazendo amor com ele.
A chuva cessa...
Na praça ainda com seus bustos e bancos molhados ,5 amigos,todos rapazes
Todos cavalheiros,declamam poesias,e lêem crônicas lindas de amor
E contraditoriamente suas canções são de escárnio...Não,não os julguemos.Eles são bonitos assim.
Uma mulher os observa e chora,porque tudo o que eles fazem ela pensa ser para ela.A dama
Trás sobre seu corpo e suas vestes as marcas de mais uma noite vexatória
O céu com seu colorido difuso anuncia que já raia um novo dia

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Coração bazar


Perdi o ritmo, perdi o tom certo do batom
Perdi o salto, o glamour e tudo mais
Perdi as caras e bocas, perdi as respostas prontas...
Perdi os palavrões dês deque ouvi você dizer
“Você não serve pra mim...”
Perdi a graça, o deboche
Fiquei estática da cabeça aos pés...
Olhei-te apavorada... Hoje, sozinha, me olho apavorada ao espelho
Caricatura triste, como convém a uma face lavada de pranto diário
Perdi o fôlego e nem gritar eu posso
Foi-se contigo o que em mim era tão essencial
Perdi os teus brilhos nos olhos
Tuas palavras tão meigas, tão charmosas...
Palavras tão falsas... Não importa, elas me fazem falta mesmo assim
Perdi as noites em claro e as manhãs vindouras.
Pense que mulher deprimente eu me tornei, meu bem
Mais um trago, mais uma dose, mais uma balada de fossa no radio... Solidão
O nosso futuro fruto que nunca veio...
“Você não serve para mim...”
Com um vestido de outra estação, cabelos ao vento
descalça, batom borrocado... Olheiras... Olhares de dó.
Persistir sem esperanças é escrever poesias.
Coração bazar!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Prece pela tolerância



"Não é mais aos homens que me dirijo. É à você, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos: Que os erros agarrados à nossa natureza não sejam motivo de nossas calamidades.

Você não nos deu coração para nos odiarmos nem mãos para nos enforcarmos. Faça com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e passageira.

Que as pequenas diferenças entre as vestimentas que cobrem nossos corpos, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas e nossas opiniões insensatas não sejam sinais de ódio e perseguição.

Que aqueles que acedem velas em pleno dia para te celebrar, suportem os que se contentam com a luz do sol.

Que os que cobrem suas roupas com um manto branco para dizer que é preciso te amar, não detestem os que dizem a mesma coisa sob um manto negro.

Que aqueles que dominam uma pequena parte desse mundo, e que possuem algum dinheiro, desfrutem sem orgulho do que chamam poder e riqueza e que os outros não os vejam com inveja, mesmo porque você sabe que não há nessas vaidades nem o que invejar nem do que se orgulhar.

Que eles tenham horror à tirania exercida sobre as almas, como também execrem os que exploram a força do trabalho. Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos violentemos em nome da paz.

Que possam todos os homens se lembrar que eles são irmãos! "

( Voltaire )



2010 chegou.Vamos mudar o mundo,mas precisamos começar pelas pessoas que vemos todos os dias no espelho...



FELIZ ANO NOVO