domingo, 6 de junho de 2010
Apenas uma certa revolta
Saiam de mim!
Saiam todos aqueles que me julgam pouco!
Saiam!
Saiam aqueles que me querem calado
Estúpido, estático.
Os que me querem vitrine paraguaia
Saiam de mim.
Os que vêm sem nada trazer
Os que pedem mais do que tenho
Os que não compreendem minhas cóleras e ataques de riso.
Saiam daqui, estúpidos!
Saiam logo.
Saiam também os maldizentes!
Oh, dementes de língua ferina, saiam já!
Basta com seus achincalhes e pilherias à toa
Basta de sarcasmo vil.
Alias, basta de vileza, soberba e tudo mais que sois vós
Basta!
Saiam, ordeno!
Vós que sois porcos, saiam
Vós que cheirais a sexo vulgar e amor interesseiro. Saiam
Imundos, descrentes. Inumanos
Fora de mim!
Os que não lêem poesias
Os não tem sentimentos!
Saiam de mim!
Deixem-me cá com meus botões
Deixem-me cá vivendo em puro êxtase
Sonhos de Alice e Ícaro!
Os que crêem não nos sonhos, saiam já!
Fora, eu grito e repito mais alto. FORA!
Vós que agora riem de mim, que taxam-me louco
Louco... Oh, pobre louco e solitário
Não Se demorem mais um segundo e saiam jamantas débeis.
Todos aqueles que não entendem o valor, a força que é a entrega total
Por alguma coisa, por algum ser. Um amor, um desafeto. Cho!
Os que desdenham do ato de pensar; os que não se misturam. Cho!
Os que não tocam os demais. Os que não querem tal toque. Ah, ratos malditos!
Sim, ratos malditos. Não quero sentir seu cheiro podre de seres doentes e covardes.
Em gente ordinária eu cuspo em cima!
Afastem-se de mim, ordeno!
Inúteis seres que cruzam o meu caminho
Inúteis que fingem não me ver
Que abaixam os olhos ao cruzar comigo
Ah, tolos cheios de si. Dou gargalhadas, palhaços tristes!
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excelente texto
ResponderExcluirimpactante eu diria
assim como Dustin Hoffman
abraços
EXTRAORDINÁRIO!!!
ResponderExcluirApesar de ter achado esse texto tão sentido e tão verdade, me veio uma resposta num texto de Álvaro de Campos que não canso de citar:
"[...]E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,[...]
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida..."
Eu enxerguei um adorável diálogo seu com Fernando Pessoa/Álvaro de Campos, no "Poema em linha reta".
Parabéns pelo trabalho!
Abraço!
ALgumas pessoas são tão insignificantes que não valem nem a pena ficar perto... rs
ResponderExcluirAbraço!
Gostei bastante. FORTE
ResponderExcluirtem impacto.
Como sempre o melhor! Te amo.
Clóvis.
Que bom seria podermos cada um de nós dizer isso na nossa vida e se realmente se concretizesse...
ResponderExcluirSaiam todos...fiquem apenas os que de nós, como somos, gostam...
FAN-TÁS-TI-CO! Merece um prêmio. Engraçado é que li com a voz do Paulo Autran falando bravamente "Saiam!". Muito bom, John.
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