
Quando ainda fazia sentido eu ter o apelido de ‘rominho’ sempre que me perguntavam sobre o que eu queria ser quando carecesse eu logo respondia todo serelepe: ”Professor”,mas eu via uma ar de decepção que se seguia de um aviso:”Ah,mas professor ganha tão pouco”.Eu não me importava(Lógico era apenas uma criança),pois o que sempre me encantou foi o ato de ensinar;sempre tive uma admiração muito grande pelos meus professores.
Confesso que no final do ensino fundamental essa paixão estava muito fraca. O que eu assistia todos os dias eram profissionais desmotivados, sem valorização e sem o devido respeito por parte dos alunos, alias sem qualquer tipo de respeito (O que minha triste lógica sempre conclui: falta de educação vinda de casa) uma realidade em praticamente todas as instituições de ensino público no país.
Quem envolto por um cenário tão desastroso manteria viva a vontade de lecionar?
Eu mantive!Mas é claro que não consegui sozinho. No ano de 2006 no inicio do ano letivo eu vi adentrar a sala de aulas um senhor que aparentava ter seus 60 anos, com um ar sóbrio ele manteve-se de pé e com muita educação pediu silêncio; não foi atendido, mas insistiu e depois de algum tempo consegui.
-Meu nome é Ademar. Eu lecionei língua portuguesa e literatura na Marinha. Aposentei-me lá e agora quero ensinar aqui. Vocês devem estar se perguntando: ’Mas o que esse velho ta pensando da vida?”- era exatamente o que todos ali se perguntavam e inclusive eu – É que eu sou apaixonado pela minha profissão”.
Eu nunca via uma pessoa tão apaixonada e ao contrario do que pensávamos ele demonstrou sempre muita energia. Era emocionante ver a forma como ele acreditava em cada aluno.
Para nós sarais e redações tornaram-se tão necessárias quanto à hora da merenda!E ainda existia espaço para se debater política e contar piadas. Não havia ar de tédio em nenhum aluno. Incrível!Tornei-me um amigo do meu professor.
Foram dois anos de puro prazer ser ensinado por tão ilustre figura.
Infelizmente desde o fim do ensino médio eu não mantive contato com ele. Pois que saiba o professor Ademar que dentre todos ele foi o melhor, um verdadeiro mestre pungente.
Muito obrigado, professor Ademar!
Ao mestre, com carinho!