quarta-feira, 20 de maio de 2009

Para sempre


Ok. Estou preparado.
Quando criei este Blog jurei, por tudo o que é sagrado e profano também, que não iria cair no filão de fazer deste espaço uma janela gigantesca e aberta para que todos pudessem ver minha vida. Mas como a vida é mesmo uma caixinha de surpresas, hoje eu me vejo com uma profunda necessidade de expor aqui, neste momento, as minhas feridas.
No dia 16 de abril deste ano, às 08h30minh precisamente, eu vi pela ultima vez a minha mãe com vida. Eu não poderia supor que aquele seria o ultimo minuto que eu sentiria seu corpo ainda quente...
Antes de sair eu dei um beijo nela e falei bem baixinho ao pé de seu ouvindo: ”Te amo, viu?” e ela meio que sem forças deu um sorriso de canto de boca e disse: ”Oh, meu filho! Eu sei...”.
Horas depois me vi diante do “único fato irremediável”. A morte. O ponto final de tudo o que eu havia vivido até aquele momento. O ponto final de todos os dias passados juntos ao lado da pessoa que mais me amou nesse mundo (e será assim pra sempre).
O som da voz dela pronunciando aquelas palavras ainda ecoa como se tivessem sido tidas há minutos atrás.
O quê fazer diante disso senão cair em puro pranto desesperado?E logo eu que sempre guardei meus sentimentos a sete chaves (ela era minha única confidente).Ver sua mãe morte,dentro de um caixão e envolta por aquele horrendo cheiro de flores e madeira e a cena mais grotesca que pode existir.É muito triste.Mas por mais dor que eu estivesse sentindo,por mais que eu não conseguisse parar de chorar um minuto sequer,eu tinha uma certeza absurda:Ali já estava mais a minha mãe.Roseli já mais seria assim.Me entendem?
Neste momento tive a certeza de que somos na verdade essência (chamem de espírito,alma,ou outro nome) .Ali estava um corpo com carne e ossos que horas mais tarde iram começar a virar pó...
A minha mãe jamais vai virar pó!Nunca!Alias mães morrem nunca. Mães se encantam (palavra de Drummond).
Tenho 21 anos e me sinto um pingente solto no mundo. Perdi meu pai aos 15 anos e apenas seis anos depois... Lá se vai minha mãe. Ambos findaram aos 49 anos de idade.
Sinto-me sem referencia, sem ter a quem orgulhar. Nunca fui de acreditar nesse papo de destino, mas meu caso é realmente curioso: Parece que desde sempre já estava escrito que eu iria passar pouco tempo ao lado dos dois; o mundo era povoado apenas por nós três, eu vivi intensamente para eles e eles para mim.
Quando me olho ao espelho encontro os vestígios da passagem desses dois seres humanos por este planeta e sou a única e inquestionável prova de sua junção. E a saudade bate forte demais: saudade do cheiro, do colo, das conversas banais de rotineiras, saudade da certeza...
Não fui um filho perfeito, mas fui um ‘perfeito filho’ com estes complexos sentimentos de amor e guerra, com vontade de fugir de casa, com vergonha quando me levavam ao colégio, com necessidade da proteção que só os pais põem dar.
Sinto-me extremamente abençoado por ter dito aos meus pais muitas vezes que os amava muito... Alias nem termine de ler este texto!Corra para quem você ama e diga mesmo, com voz bem alta o quão grande é o seu amor e abrace muito forte. Torne este momento eterno; sim momentos como estes ficam eternos, mas as pessoas são breves como um suspiro...
Perdão se este texto está carregado nas tintas.
À Roseli e Ladislau: Amarei eternamente...

8 comentários:

  1. querido John Rômulo,

    vou deixar aqui umas palavras que não são minhas pra vc com muito carinho
    “Os ventos que as vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar.. Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim, aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai para sempre.” (Bob Marley)

    bjo

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  2. Nossa, fiquei morrendo de medo de perder a minha Mianha agora... Já sonhei com isso e a sensação não foi nada boa, acordei desesperado. Ver isso acontecer e não poder acordar para perceber que foia penas um sonho dev ser insuportável.
    Eu sinto muito por você.

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  3. Eu disse que não diria nada...

    mas diante de um belo relato a gente tende mesmo a se calar. Mas não dessa vez... Tuas palavras me sensibilizaram, e muito. A verdade transborda em coragem nas tuas frases... e agora não me resta muito a fazer senão aplaudir! De pé!

    Um abraço!

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  4. N gosto de pensar na possibilidade de perder minha mãe , ela é a pessoa q mais amo no mundo , e eu sempre disse pra ele q se ela morrer eu me mato em seguida... É , eu sou mto dramático...
    Mto lindo o texto amigo , tô com nós na garganta...Sua mamãe tá cuidando de vc lá de cima.Vc n está sozinho.
    te amo amigo.
    bjus

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Que comovente! Espero que essa dor seja substituída por boas recordações e paz no coração.
    Temos que acreditar que ninguém morre, só muda de "mundo". Onde sua mãe estiver, ela vai estar torcendo pela sua felicidade, pode ter certeza.

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  7. Meus sentimentos...mães são eternas...
    Volte sempre que desejar no meu blog!!
    rs rs

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  8. Olá John...
    Quando entrei e li alguns dos textos, percebi que você tem pesoe força nas palavras, vc é bom nisso...
    Mas o texto que fala de tua mãe (uma linda mulher que encerrou cedo demais a missão dela por aqui) me comoveu de forma avassaladora, comecei a chorar e pensar em tudo que falou ali, inclusive o pedido que faz ao leitor no final (cheguei a gritar na sala um "eu te amo" pra todo mundo...).
    Espero que você esteja melhor e saiba que, se quiser contar com mais um amigo virtual, estarei aqui.
    Um grande abraço, seja feliz!
    Fael Martins
    faelitomartins.blogspot.com

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