segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Entre amigos
Amo o livro que você, tão sinicamente, lê e me sorri levemente...
Amo a tua constante dor de cotovelos, o teu silêncio e invejo o conhaque que desce quente, te fazendo suar de escrúpulos e desejos. Excitada, você me olha e é como se implorasse: ”Quero que você me possua!” – mas honesta você desvia o olhar e suspira profundamente ( revolta e tédio ).A gente nem se toca e sente e se dói.Os corpos flamejam;Um punhado de controlada impaciência nos reduz ao essencial de “coisa úmida suportando!”.
Suados, feridos, rancorosos. Nós apenas suportamos a distância impossível que nos cerceia um do outro e que, lada a lado, com a respiração curta, aceitamos – obedientes – a que custo, meu Deus!Amá-la posso, pois sou homem e estou quente sobre a terra, mas daí a possuí-la vai um longo e penoso caminho – e sem vida. Estamos, pois, presos a nossa impossibilidade e ao desejo que nos tenta – o pecado, meu bem, é abrasador!
Silencioso, esguio e homem eu adivinhara seu doce martírio de mulher. E por adivinhar então – então eu te tento e sua carne pulsa. Reparo suas pernas suadas; estão suadas por mim, mulher. Você é uma mulher de pernas suadas por mim. E eu – eu adoro- - - - -
Estou quente, estou quente. Oh, eu quero te comer e como sim. Te como da forma mais cruel, eu te como com os olhos. Mas não é disso que você precisa, não!”Já que não me come, beba-me pelo menos!”, é o que me dizem teus olhos – você tem olhar de mangá; olhos de pidona – e em resposta, eu, santo dissimulado, te ordeno “afasta de mim este cálice, que só contém suor!”. Mentira, pois minha garganta está sedenta de suor.
Você se consome toda, mas a razão deve ser ouvida e então você é escrupulosa – à beira de um ataque de desejos, mas escrupulosa – e úmida.
É assim a nossa marcha invariável, onde um não alcança o outro e mais que isso, não queremos nos alcançar. Você comprometida com o marido que ama e eu comprometido com o amigo que amo. Ele é o que nos uni e impede ao mesmo átimo de segundo; e faz isso com paciência – aquela paciência dos que não sentem dor - com paciência e candidez.
Ele existe – EXISTE –e nos ama – AMA -. Impossível não amá-lo também. Eis nossa doce condenação!
Eu,pulsando,desejando-a e amando-o. Você, suada, desejando-me e amando-o. Ele sendo deveras bom e inocente – cruelmente bom e inocente.
Assinar:
Postagens (Atom)